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domingo, 10 de janeiro de 2010


Roma, 27/11/1901

O padre Ângelo atravessava a imponente praça de São Pedro a passos largos. Uma forte chuva embaciava as grossas lentes de seu óculos, e gotículas d'agua escorriam de seu nariz adunco formando uma goteira sobre seu queixo proeminente. Os sapatos encharcados tornavam seus passos mais desajeitados, quem o avistasse de longe poderia confundi-lo com um grande pato perdido de sua mãe em meio ao lago que se tornara a praça após tantos dias de chuva. Ângelo havia saído as pressas divido ao chamado urgente do Monsenhor Tadei, as palavras simples mas apocalípticas do telegrama o deixaram tão apreensivo que esqueceu de carregar consigo o guarda-chuva preto que ganhara de um velho amigo. Um presente muito útil, embora o amigo o tivesse dado de presente porque na solidão de uma longa viagem que fizera, foi a figura esguia e elegante do guarda-chuva que, segundo ele lembrava muito Ângelo, lhe trouxe um pouco de conforto nas longas noites frias. Ângelo que tinha serias suspeitas de o amigo estar ficando sênil, teve que adimitir que o presente éra realmente útil. Mas não em casa, ainda mais guardado no armário. E Ângelo, que diferente do guarda-chuva, tinha pernas, tratou de apertar o passo antes que pegasse uma gripe.

Um comentário:

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